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do “Livro das Fadas”, por Miss Mulock

Nos tempos do Rei Alfred, vivia uma pobre mulher, cuja casa ficava numa vila afastada, a muitas milhas de Londres. Ela era viúva há alguns anos e tinha um único filho chamado João, com quem era tão condescendente que ele nunca prestava a menor atenção ao que quer que ela dissesse. Era preguiçoso, descuidado e extravagante. Suas loucuras não se deviam a uma indisposição, mas à tola parcialidade de sua mãe. Aos poucos, ele gastou tudo que ela tinha – quase nada havia sobrado, além de uma vaca. Um dia, pela primeira vez em sua vida, ela o reprovou: “Cruel, rapaz cruel! Você finalmente me deixou na miséria. Não tenho dinheiro suficiente nem mesmo para comprar um pedaço de pão; nada mais me resta além de vender minha pobre vaca! Entristeço-me por me desfazer dela, mas não podemos morrer de fome.” Por alguns minutos, João sentiu remorso, mas logo esse sentimento passou e ele pediu à mãe que lhe permitisse vender a vaca na vila mais próxima, insistindo tanto que, afinal, ela consentiu. No caminho, ele encontrou um açougueiro que lhe perguntou para onde estava levando a vaca. João respondeu que a estava levando para vender. O açougueiro tirou de seu chapéu alguns feijões muito curiosos. Eram de várias cores e chamaram a atenção de João, o que não passou desapercebido pelo homem que, conhecendo o temperamento fácil de João, pensou que aquele era o momento para tirar vantagem disso. Determinado a não desperdiçar tão boa oportunidade, perguntou qual era o preço da vaca, ao mesmo tempo oferecendo por ela todos os feijões que tinha em seu chapéu. O tolo rapaz mal pôde conter o prazer que sentiu ao ouvir uma proposta que lhe parecia tão fantástica: a barganha foi feita imediatamente e a vaca trocada por alguns reles feijões. João voltou para casa contente como nunca, gritando por sua mãe antes mesmo de alcançar a porta, pensando surpreendê-la.

Quando ela viu os feijões e ouviu a história de João, sua paciência se esgotou: atirou os feijões para fora da janela, onde caíram no canteiro logo abaixo dela. Depois atirou seu avental por cima da cabeça e chorou amargamente. João tentou consolá-la em vão e, não tendo nada para comer, os dois foram dormir sem jantar. João acordou cedo e, vendo uma sombra incomum escurecendo a janela de seu quarto, correu para baixo em direção ao jardim, onde descobriu que alguns dos feijões haviam brotado e crescido espantosamente: os talos eram de uma grossura imensa e tinham se trançado de modo a formar uma escada tão alta que o topo parecia perdido entre as nuvens. João era um rapaz aventureiro e logo se decidiu a fazer uma escalada até o topo, correndo para contar a sua mãe, sem dúvidas de que ela ficaria igualmente orgulhosa dele. Ela, no entanto, disse que ele não deveria ir, que lhe partiria o coração se o fizesse – suplicou e ameaçou, mas tudo em vão. João partiu e, depois de escalar por algumas horas, chegou ao topo do pé-de-feijão, exausto. Olhando à sua volta, percebeu que estava em um estranho país. Parecia ser um deserto stéril – não se via uma árvore, um arbusto, uma casa ou qualquer criatura viva. Aqui e ali, esparsos fragmentos de pedra e em distâncias desiguais pequenos montes de terra haviam sido vagamente amontoados.

João sentou-se pensativo sobre um bloco de pedra e se lembrou de sua mãe; refletiu com tristeza sobre sua desobediência em escalar o pé-de-feijão contra sua vontade e concluiu que iria morrer de fome. No entanto, continuou caminhando, na esperança de encontrar uma casa onde pudesse implorar por algo para comer e beber. Não encontrou, porém viu a alguma distância uma bela moça, caminhando sozinha. Estava elegantemente vestida e carregava uma varinha branca, com um pavão de ouro puro na ponta.

João, que era um camarada galanteador, dirigiu-se imediatamente até ela, quando, com um sorriso encantador, ela lhe perguntou como chegara ali. Ele lhe contou sobre o pé-de-feijão. A moça lhe respondeu com uma pergunta: “Você se lembra do seu pai, meu jovem?”.

“Não, madame; mas tenho certeza de que há algum mistério sobre ele, pois quando o menciono para minha mãe ela sempre começa a chorar e não me conta nada”.

“É melhor que ela não conte”, respondeu a moça, “mas eu posso lhe contar e contarei. Saiba, meu rapaz, que sou uma fada e fui a fada-madrinha de seu pai. Mas fadas estão submetida às leis tanto quanto os mortais e, por um erro que cometi, perdi meus poderes por um período de tempo e não pude socorrer seu pai quando ele mais precisava… E ele morreu.” Então a fada se mostrou tão triste que o coração de João se compadeceu dela e ele lhe implorou seriamente que ela lhe contasse mais.

“Eu contarei, mas somente se você me prometer obediência em tudo, ou você perecerá”.

João era corajoso e, além disso, sua situação estava tão ruim que não poderia ficar pior – então ele prometeu.

A fada continuou: “Seu pai, João, era um dos homens mais excelentes, amáveis e generosos. Tinha uma boa esposa, servos fiéis, muito dinheiro; mas tinha uma má sorte – um falso amigo. Era o gigante, a quem ele havia socorrido em infortúnio e que retribuiu sua gentileza assassinando-o e tomando tudo o que lhe pertencia; fez também com que sua mãe fizesse um juramento solene de que nunca contaria a você nada sobre seu pai, ou ele mataria também a ela e a você. Depois ele a pôs para fora com você nos braços obrigando-a a vagar pelo mundo. Eu não pude ajudá-la, pois meus poderes voltaram apenas no dia em que você saiu para vender sua vaca”.

“Fui eu”, acrescentou a fada, “que lhe impeli a aceitar os feijões, fiz o pé-de-feijão crescer e lhe inspirei com o desejo de escalá-lo até este estranho país, pois é aqui que vive o gigante que destruiu a vida de seu pai. É você que deve vingá-lo e livrar o mundo de um monstro que nunca fará nada além de mal. Eu lhe ajudarei. Você deve tomar posse de sua casa e suas riquezas, porque tudo o que ele possui pertenceu a seu pai e, portanto, a você. Agora adeus! Não deixe sua mãe saber que você está a par da história de seu pai, esta é a minha ordem e se você me desobedecer sofrerá por isso. Agora vá.”

João perguntou para onde deveria ir.

“Siga reto pela via, até ver a casa onde vive o gigante. Depois você deve agir de acordo com o seu próprio julgamento e eu te guiarei se surgir alguma dificuldade. Adeus!”

Ela agraciou o jovem com um sorriso e desapareceu.

João começou sua jornada.Ele caminhou até o pôr-do-sol quando, para sua alegria, entreviu uma grande mansão. Via-se uma mulher diante da porta: ele a abordou, implorando que lhe desse um bocado de pão e alojamento para passar a noite. Ela se mostrou imensamente surpresa e disse que era muito incomum ver algum ser humano perto de sua casa, pois era sabido por todos que seu marido era um poderoso gigante, que nunca comia nada além de carne humana, se pudesse encontrá-la. Ele andaria 50 milhas para procurar e passava o dia todo fora com esse propósito.

Esse relato aterrorizou João, mas ele ainda tinha esperança de enganar o gigante e para isso ainda uma vez suplicou à mulher que lhe recebesse por apenas uma noite e o escondesse onde achasse apropriado. Ela afinal se deixou persuadir, pois era compassiva e generosa, e o levou para dentro da casa. Primeiro, entraram em um belo e grande hall, magnificamente mobiliado, depois passaram por diversos cômodos espaçosos, que tinham o mesmo estilo grandioso, mas todos pareciam abandonados e desolados. Passaram então por um longo corredor, extremamente escuro – havia luz suficiente apenas para mostrar que de um dos lados, ao invés de uma parede, havia grades de ferro que encerravam um sombrio calabouço, de onde vinham gemidos das vítimas que o gigante cruel reservara confinadas para satisfazer seu voraz apetite. O pobre João estava quase morto de medo e teria dado o mundo para estar com sua mãe outra vez, pois começava a duvidar que ainda a veria de novo. Além disso, começava a desconfiar da boa mulher e pensava que ela o deixara entrar na casa para nada mais do que trancá-lo no calabouço junto com aquelas infelizes pessoas. Entretanto, ela fez com que João se sentasse e lhe deu muito o que comer e beber. Ele, não vendo nada que pudesse fazê-lo sentir-se desconfortável, logo esqueceu seu medo e estava começando a se sentir feliz quando foi surpreendido pelo barulho altíssimo de alguém batendo à porta da frente, o que fazia toda a casa tremer.

“Ah! É o gigante! E se ele o vir irá matar a você e a mim também!”, chorou a pobre mulher, toda trêmula. “O que devo fazer?”

“Esconda-me no forno”, disse João, agora corajoso como um leão ao pensar que estaria face a face com o cruel assassino de seu pai. Então ele entrou no forno – pois não havia fogo ateado ali – e escutou a poderosa voz do gigante e seus passos pesados enquando ele andava de um lado para outro da cozinha ralhando com sua mulher. Finalmente sentou-se à mesa e João, espiando por uma fenda no forno, ficou impressionado com a quantidade de comida que ele devorava. Era como se ele nunca fosse parar de comer e beber, mas finalmente parou e, recostando-se, chamou sua esposa com sua voz de trovão:

“Traga-me a minha galinha!”

Ela obedeceu e colocou sobre a mesa uma linda galinha.

“Bote!”, rugiu o gigante. E a galinha imediatamente pôs um ovo sólido de ouro.

“Bote outro!” e toda vez que o gigante dizia isso, a galinha botava um ovo maior do que o anterior.

Ele se entreteve por um longo tempo com sua galinha e depois mandou que sua mulher fosse se deitar, caindo no sono ao lado da lareira e roncou como um estampido de canhão.

Assim que ele dormiu, João pulou para fora do forno, tomou a galinha e fugiu com ela. Chegou a salvo do lado de fora da casa e, seguindo seu caminho pela estrada por onde viera, alcançou o topo do pé-de-feijão, pelo qual desceu em segurança.

Sua mãe ficou radiante ao vê-lo. Ela pensara que ele tinha tido um triste fim.

“De forma alguma, mãe. Olhe aqui!” e lhe mostrou a galinha. “Agora bote”, e a galinha obedeceu a ele tão prontamente quanto ao gigante, botando tantos ovos de ouro quanto ele quisesse.

Vendendo esses ovos, João e sua mãe ganharam muito dinheiro e viveram felizes juntos por muitos meses, até que João ficou novamente ansioso por escalar o pé-de-feijão e trazer mais das riquezas do gigante. Ele contou à mãe sobre sua aventura, sendo bastante cuidadoso para não dizzer uma palavra sobre seu pai. Pensava em sua nova jornada mais e mais, mas não conseguia reunir determinação suficiente para contar a sua mãe, tendo a certeza de que ela se esforçaria para impedir que ele fosse. No entanto, um dia contou vigorosamente a ela que faria outra viagem subindo pelo pé-de-feijão. Ela implorou e orou para que ele não o fizesse e tentou de tudo o que podia para dissuadi-lo. Disse-lhe que a esposa do gigante certamente o reconheceria e que o gigante gostaria mais do que tudo de tê-lo em seu poder e poderia lhe impor uma morte cruel, para vingar a perda de sua galinha. João, achando todos esses argumentos inúteis, acabada a conversa, decidiu-se a ir de qualquer maneira. Ele tinha preparado um vestido para disfarçar-se e uma tinta para colorir sua pele. Era impossível para qualquer um reconhecê-lo naquele disfarce.

Algumas manhãs depois, ele levantou-se cedo e, desapercebido por qualquer pessoa, escalou o pé-de-feijão uma segunda vez. Quando chegou ao topo, estava muito cansado e com fome. Descansando por algum tempo sobre uma das pedras, continuou seu caminho para a casa do gigante, onde chegou tarde da noite. A mulher estava à porta, como antes. João abordou-a contando uma triste história e pediu que lhe desse alimentos e bebidas e, ainda, alojamento para passar a noite.

Ela lhe disse (o que ele já sabia muito bem) que seu marido era um poderoso e cruel gigante e que uma noite havia abrigado um rapaz pobre, esfomeado e sem amigos e o pequeno ingrato tinha roubado um dos tesouros do gigante. Depois disso seu marido havia se tornado ainda pior, usando-a de modo cruel e continuamente culpando-a de ser a causa de sua desgraça. João sentiu pena dela, mas não confessou nada e fez o seu melhor para persuadi-la a admiti-lo. Foi uma tarefa muito difícil, mas afinal ela consentiu e, enquanto ela mostrava o caminho, João notou que tudo estava exatamente do jeito que encontrara antes. Ela o levou até a cozinha e depois que ele havia comido e bebido, ela o escondeu em um velho armário de madeira. O gigante voltou na hora habitual e caminhou tão pesadamente que a casa tremeu até as fundações. Sentou-se ao lado da lareira e em seguida exclamou: “Mulher, sinto cheiro de carne fresca!”

A esposa respondeu que eram os corvos que havia trazido um pedaço de carne crua e deixado no telhado da casa. Enquanto o jantar era preparado o gigante estava de muito mau-humor e impaciente, frequentemente erguendo o braço para bater em sua mulher por não ser rápida o suficiente. Ele também bradava repetidas vezes que era culpa dela a perda de sua maravlhosa galinha.

Enfim, tendo terminado seu jantar, ele gritou “Traga-me algo para me divertir – minha harpa ou minhas bolsas de dinheiro”.

“Qual você prefere, querido?” disse a esposa, humildemente.

“Minhas bolsas de dinheiro, porque são mais pesadas para se carregar”, trovejou.

Ela as trouxe cambaleando sob seu peso: duas bolsas – uma recheada de guinéus e a outra de shillings; ela as esvaziou sobre a mesa e o gigante começou a contar as moedas alegremente. “Agora vá para a cama, velha tola”. E a mulher se foi.

De seu esconderijo, João assistiu a contagem do dinheiro, que ele sabia ser de seu pobre pai, e desejou que fosse dele. Daria muito menos trabalho do que sair para vender ovos de outro. O gigante, sem imaginar que estava sendo observado tão de perto, contou todo o dinheiro e depois devolveu-o às bolsas, fechando-as muito cuidadosamente, e as colocou ao lado de sua cadeira, deixando seu pequeno cachorro para guardá-las. Enfim sentiu-se sonolento como antes e roncou tão alto que João comparou o barulho ao som do mar quando há vento forte e a maré está subindo. Afinal, João, concluindo que estava seguro, saiu do armário para levar as duas bolsas de dinheiro. Mas assim que colocou a mão sobre uma delas, o pequeno cachorro, que ele não havia percebido antes, começou a latir furiosamente debaixo da cadeira do gigante. Ao invés de tentar escapar, João ficou parado, apesar de esperar que seu inimigo pudesse acordar a qualquer instante. Ao contrário, no entanto, o gigante continuou em um pronfundo sono e João, vendo um pedaço de carne, atirou-o para o cão, que imediatamente parou de latir e começou a devorá-lo. Então João carregou as bolsas para fora, cada uma sobre um ombro. Mas elas eram tão pesadas que foram precisos dois dias inteiros para descer o pé-de-feijão e chegar à porta da casa de sua mãe.

Quando entrou, percebeu que a casa estava vazia. Correu de um cômodo a outro, sem poder encontrar alguém. Foi então, depressa, até a vila, esperando encontrar algum dos vizinhos, que poderiam informá-lo sobre onde encontrar sua mãe. Enfim, uma velha mulher lhe indicou uma casa da vizinhança, onde sua mãe estava doente de febre. Ele ficou bastante chocado ao encontrá-la visivelmente morrendo e culpou-se amargamente por ser a causa de tudo isso. No entanto, ao ver seu querido filho, a pobre mulher reviveu e lentamente recobrou a saúde. João deu a ela suas duas bolsas de dinheiro. Eles reconstruíram a casa e a mobiliaram bem, vivendo mais felizes do que jamais haviam sido.

Por três anos João não soube mais do pé-de-feijão, mas não podia esquecê-lo, embora temesse fazer sua mãe infeliz. Era em vão qualquer esforço para entretê-lo: tornou-se pensativo e levantava-se ao raiar do dia, sentando-se diante do pé-de-feijão a olhá-lo por horas a fio. A mãe logo viu que algo perturbava sua mente e esforçou-se para descobrir a causa, mas João sabia muito bem o que aconteceria se ela soubesse. Por isso fez seu melhor para dominar o grande desejo que possuía por uma nova jornada pé-de-feijão acima. Descobrindo, no entanto, que sua inclinação crescia e se tornava demasiado poderosa para ele, começou a fazer planos secretos para sua viagem. Preparou um novo disfarce, melhor e mais completo que o anterior e, quando o verão chegou, no dia mais longo, levantou-se tão logo o sol despontara e, sem contar à sua mãe, subiu o pé-de-feijão. Tudo – a estrada, a viagem – estava como nas duas primeiras vezes. Ele chegou à mansão do gigante durante a noite e encontrou sua esposa, como sempre, à porta. João tinha se disfarçado tão completamente que ela não pareceu reconhecê-lo em absoluto, no entanto, quando ele lamentou fome e pobreza para que ela o fizesse entrar, achou de fato muito difícil convencê-la. Enfim, sua vontade prevaleceu e ela o escondeu na copeira. Quando o gigante voltou, disse furioso “Sinto cheiro de carne fresca!” Mas João permaneceu calmo, pois ele já havia dito isso e ficara rapidamente satisfeito. O gigante, porém, inquietou-se repentinamente e, não podendo aceitar o que quer que sua mulher dissesse, revirou todo o cômodo. Como a busca seguia em frente, João estava imensamente aterrorizado e desejava mil vezes estar em casa. Mas quando o gigante se aproximou da copeira e colocou sua mão sobre o tampo, João pensou que sua morte era certa. No entanto, nada aconteceu, pois o gigante não se encomodou em levantar o tampo, ao invés disso, sentou-se rapidamente ao lado da lareira e começou a comer seu enorme jantar. Quando já tinha terminado, ordenou à sua esposa que bucasse sua harpa. João espreitou por baixo do tampo da copeira e viu o mais lindo instrumento. O gigante colocou-a sobre a mesa e disse “Toque!” e ela própria fez soar um acorde, sem que ninguém a tocasse, era a mais extraordinária melodia que se poderia imaginar. João, que era muito bom músico, deleitou-se e ficou mais ansioso por tomar esse do que qualquer outro dos tesouros de seu inimigo. Mas como o gigante não fosse particularmente um amante da música, a harpa tinha apenas o efeito de niná-lo, fazendo com que dormisse mais cedo do que de hábito. Quanto à mulher, ela havia ido para a cama tão logo pôde.

Assim que pensou que estava seguro, João saiu da copeira e, tomando a harpa nos braços, fugiu avidamente com ela. Mas a harpa era encantada por uma fada e, assim que percebeu que estava em mãos desconhecidas, chamou muito alto, como se estivesse viva “Mestre! Mestre!”

O gigante acordou, levantou-se e viu João correndo o mais rápido que suas pernas podiam levá-lo.

“Ah, seu vilãozinho! Foi você que roubou minha galinha e minhas bolsas de dinheiro e agora está também roubando minha harpa! Espere até que eu o pegue e eu comerei você vivo!”

“Muito bem, tente!” gritou João, que não estava nem um pouco assustado, pois via que o gigante estava tão embriagado que mal podia se manter de pé, muito menos correr. Já ele, tinha pernas jovens e consciência limpa, o que leva um homem muito longe. Então, depois de uma corrida considerável à frente do gigante, ele foi o primeiro a chegar ao topo do pé-de-feijão e desceu por ele o mais rápido que pôde. A harpa tocava o tempo todo a mais melancólica música até que ele disse “Pare!” e ela parou.

Chegando ao chão, encontrou sua mãe sentada à porta da casa, chorando silenciosamente.

“Aqui, mãe, não chore! Apenas me dê um machado, depressa”. Ele sabia que não havia um momento para desperdiçar – via o gigante começando sua descida pelo pé-de-feijão.

No entanto, era muito tarde: as maldades do monstro haviam chegado ao seu fim. Com seu machado João cortou o pé-de-feijão próximo à raiz e o gigante caiu de cabeça para baixo no jardim, morrendo na hora.

Imediatamente a fada apareceu e explicou tudo à mãe de João, implorando que o perdoasse, pois herdara a coragem e a generosidade do pai e com certeza a faria feliz pelo resto de seus dias.

Então tudo acabou bem e nada jamais se ouvu ou viu sobre o incrível pé-de-feijão.

(fonte: http://www.tonightsbedtimestory.com)

Uma resposta to “João e o Pé de Feijão”

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